quarta-feira, julho 03, 2013

Não posso engravidar - Quando a vida escolhe!

Sempre fui uma pessoa muito ligada a crianças. Aos 14 anos, por intermédio de uma amiga, conheci uma "Casa de apoio para crianças carentes" e passei a trabalhar ali como voluntária. Essa experiência me colocou de cara com questões que até então, não faziam parte da minha realidade, mas que a partir dali  começaram a me preocupar. 

Como é triste o abandono. Que doloroso era ver nos olhos daquelas crianças a dor da rejeição, do descaso, dos mal tratos e do medo. Medo esse que não era do futuro, do amanhã, era o medo do hoje, do agora.

A cada noite, uma ou duas crianças chegavam de passagem ou para permanência. Muitas eram retiradas pelo conselho tutelar dos pais, que sem moradia, viviam embaixo de pontes, em praças, na rua. Chegavam assustadas, sujas, desnutridas, famintas.

Os plantões noturnos eram divididos entre os voluntários mais antigos e preparados. Há essa altura, eu já tinha pouco mais de 2 anos de casa, e era uma das voluntárias para plantão de sexta para sábado.
Aquela noite estava sendo bem agitada, uma das crianças, que era portadora de problemas neurológicos, havia tido 3 convulsões seguidas, e eu estava bem apreensiva. Quando tudo parecia mais tranquilo, o telefone toca e em seguida o anúncio. Eu e minha colega de plantão deveríamos nos preparar para a chegada de duas crianças retiradas da rua. Meia hora depois, dois policiais e uma assistente social, chegam acompanhadas de duas crianças que mais pareciam bonecos feitos de carvão. 

Daiane e Maria Luz, jamais me esquecerei o nome desses dois anjos. Daiane tinha por volta de 6 anos, mas tinha tamanho de 4, loirinha de cabelos curtos, olhos grandes e castanhos. Estava tão suja que mal dava ver seu rosto e mãos. Suas unhas compridas e sujas, deixavam claro serem  as responsáveis pelas feridas que eram insistentemente coçadas nos braços. Foi acarinhada, e minutos depois encaminhada para o banho. 
Eu como responsável pelo berçário, fiquei responsável por Maria Luz. 

Ao recebe-la nos braços, de cara pude perceber seu baixo peso. Diferente da irmã, era morena, de cabelos castanhos e olhos que diziam muito. Era pequena, frágil e assustada. Aparentava ter cerca de 4 meses, mas a assistente social afirmou que ela tinha quase 8. Já havia passado por consulta médica e seu estado geral era bom, precisava apenas tratar de anemia e uma alergia na pele, provavelmente causada pela falta de higiene.

Ela tremia muito, mas não era  de frio, embora a noite estivesse gelada. Fiquei com ela no colo por alguns minutos, apertando-a forte contra meu peito, na tentativa de lhe transmitir segurança, calor humano, amor. Algum tempo depois, vendo que ela estava mais calma, arrisquei um banho quente. A impressão que tive é que ela nunca havia tomado um banho submerso. Ela se apavorou com o contato direto com a água e foi difícil nesse primeiro momento, acalma-la. De banho tomado, dei-lhe uma mamadeira reforçada e a aconcheguei em meus braços, e foi ali que ela passou a noite toda. A todo momento ela acordava assustada, tremia, chorava para logo em seguida perceber tudo ao seu redor, e mais tranquila , se sentindo protegida, voltar a dormir. Esse primeiro contato com a minha Luz foi muito forte e marcou a minha vida. Luz, que mais tarde descobriu-se era Lúcia, Maria Lúcia, ficou conosco pouco mais de um ano, quando foi permitida sua adoção. Nem preciso dizer o quanto nos apegamos, ela era minha e eu era dela. Eu estava com ela todas as tardes depois da escola e entendia cada choro, cada resmungo, cada manha da minha pequena. Vê-la partir foi tão doloroso quanto vê-la chegar tão debilitada. 

Não tenho vergonha em admitir que fui egoísta a ponto de implorar para que não permitissem a adoção da Luz. Me atirei aos pés da minha mãe pedindo que ela adotasse a pequena, com a promessa de que eu cuidaria dela, eu seria sua mãe. 
O dia da despedida chegou, e eu mesmo destruída, fiz questão de estar lá para o adeus. A mãe adotiva vendo meu sofrimento, pois as lágrimas rolavam sem que eu as pudesse controlar, perguntou se podia conversar comigo por alguns minutos. A princípio relutei, mas achei melhor saber quem era aquela pessoa que levaria minha pequena para longe de mim.


Seu nome era Regina, tinha cerca de 35 anos, casada há 12. Ela me contou que após dois anos de casada, começaram as tentativas para um bebê que não veio. Não sei ao certo os detalhes dessa busca, mas sei que foi dolorosa e deixou muitas marcas no coração daquela mulher. Ao todo foram 8 anos de tentativas até que o médico bateu o martelo, Regina não seria mãe de um filho vindo dela. Isso não seria possível nem mesmo com Fertilização in Vitro, a medicina definitivamente não poderia ajudar aquela mulher. Seu marido a principio não aceitou a ideia de adoção, afinal ele não tinha problemas. Mesmo assim ela resolveu dar entrada nos papeis para adoção. Após certo tempo , seu esposo aceitou adotar , desde que fosse um bebê, branco e saudável. Decorridos 3 anos de espera por esse bebê, já exausto de ter os braços vazios, seu marido concordou que aceitaria o que Deus lhe enviasse. 

Luz foi colocada para adoção e foi rejeitada por muitos casais. Ela tinha um retardo no crescimento e um defeito em uma das perninhas. Nada grave e tão gritante, mas pareceu fazer diferença para a maioria dos "interessados". Com quase dois anos, ela ainda não andava sozinha. 
Regina e seu marido que estavam na fila de adoção já há algum tempo, foram então a essa casa, conhecer algumas crianças e se encantaram com a Luz. 
Regina segurou firme em minhas mãos, olhou em meus olhos e prometeu que cuidaria dela  tão bem quanto eu tinha cuidado até ali, que ela seria amada e teria um lar para chamar de seu.  Prometeu que as portas de sua casa estariam abertas para mim e que meu amor por sua, agora filha, não seria jamais desmerecido. 

Luz, que a partir dali se chamaria Ana Luz, foi embora com sua nova família. Acompanhei de perto seu desenvolvimento até ela completar seus  5 anos, quando a família se mudou para outro Estado. Vez ou outra ainda recebo um email da Regina, contando as boas novas. Luz já é uma moça, mimada, vaidosa e muito exigente, não quer menos que Taylor Lautner para chamar de seu. Regina adotou mais duas crianças, que segundo ela, a escolheram como mãe.

Engraçado que obviamente eu nunca me esqueci dessa história, mas não tinha me dado conta até alguns dias atrás, que a Regina foi a primeira mulher com problemas de fertilidade com a qual tive contato. Foi a primeira a me contar sua história e a primeira a me mostrar que as limitações  não nos são impostas pela vida, mas em sua maioria por nosso despreparo.
Idealizamos uma vida perfeita que nem sempre é possível, e quando algo foge aos planos, o mundo desmorona e ficamos feito baratas tontas, perdendo um tempo precioso.

A vida escolhe o seu real caminho. Não temos controle sobre isso, e embora seja difícil aceitar, somos conduzidos pelos acontecimentos e não o contrário. O mais importante nisso tudo é perceber à tempo de evitar um sofrimento desnecessário, por qual caminho a vida está nos conduzindo, e fazer dos azedos limões, doces e refrescantes limonadas.

A vida me uniu de alguma forma a Luz que por sua vez nos uniu a Regina que se permitiu unir a todas nós e a muitos mais.
Os caminhos nem sempre podem ser definidos por nós, mas podemos diante disso , decidir fazer desse caminho um final feliz ou de sofrimento. 

Liberte-se do medo e escolha ser feliz sempre!

Pé no chão e esperança no coração 
Tatiana da Costa 


19 comentários:

  1. Nossa amiga q tocante!!!! muito forte!!!linda sua história,fikei bem mexida com ela!!!!parabéns!!!!por tantas lições de vida!!!!

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    1. Vi e vivi tanta coisa nessa Casa Rosana, que daria um livro... Essa menina mesmo que citei ter convulsões repetidas, ficou com esse problema pq a mãe apanhou demais do marido durante a gravidez. Ele chutava a barriga dela, chegou sentar em cima dela ... Tanta coisa triste, mas muitas histórias com final feliz tbm.
      Obrigada por seu carinho !

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  2. Amei e estou bem arrepiada ....

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  3. ola vc pode tira uma duvida minha mestruaçao veio assim no dia 19 -10desceu o sangue bem escuro e os outros 3 dias sangue bem ralo e depois desse dia estou sentindo tontura ,enjjos colicas fortes no pe da barriga,azia os seios muitos doloridos e quando sinto cheiro de comida fk enjoada e ontem fiz o beta e deu negativo.o que pode ser.

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    1. Aguarde mais 10 dias e se não descer repita o teste. Pode ser gravidez ou é sua ansiedade produzindo sintomas.
      Boa sorte !

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  4. Olha fiz um exame de beta deu positivo c valor de 10mUl/ml e no msmo dia desceu e desceu normal sera q estou gravida devo fazer outro beta

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  5. fiz o exame HCG deu 25,0 MUI/ML edeu negativo to com 18 dias de atraso estou em duvidas sera que poso estar gravida?

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  6. Boa tarde Patricia!! Gostaria que tirasse minha duvida…Minha menstruação esta atrasada 12 dias e meu ciclo e regulado minha ultima menstruação foi dia 03/07…. viz hoje 13/08 o teste BHCG qualitativo e deu negativo na observações do resultado do teste diz que pode dar falso-negativo se feito antes de 14 dias agora estou nessa duvida o que devo fazer???

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    1. Desculpa Tatiana pelo Patricia foi erro ortográfico

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  7. Boa tarde a minha M era para vim dia 08/07 e até agora nada fiz um teste de farmácia no dia 15/07 e deu negativo depois fiz outro dia 30/07 e também deu negativo e ate agora nada , e estou sentindo sensibilidade nos seios fora que apareceram umas veias claras no meu peito sera que eu posso ta gravida ?

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  8. Olá, hj a noite eu fiz um teste de farmacia, apareceu duas faixas uma muito fraca quase não dava pra ver, depois de algumas horas fiz outro e deu negativo, e está atrasado 3 dias, o que devo fazer? Será que é ou não gravidez?

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  9. Olá meu nome é danielle , to com quase 2 meses de atraso na menstruaçao ai fiz o teste farmacia e deu positivo fui fazer o beta deu 36.... ?to gravida ou nao o teste do beta mandou eu repitir

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  10. Oi meu nome e luísa , o ultimo dia que minha menstruaçao veio foi dia 06 08 2014 e foi no dia 08 08 2014 passou pouco dias sempre eu passo 5 dias mestruada e nesse mes nao passei , estou com todos os sintomas de gravidez , dia 15 | 09 | 2014 fiz um hcg que deu positivo eo valor de referencia negativo sera que estou gravida ou nao ?

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  11. Olá. Fiz um exame antes do atraso. O resultado deu 162mu e deu inconclusivo, será q estou grávida? Minha última M foi 07/09/2014 fiz o exame em 04/10/2014. Alguém me ajuda.

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  12. AMG minha menstruação esta atrasada 5 dia meu seios DOI mto e tenho mts ânsias e vômitos fiz o beta deu igual ou superior a 25 negativo poroso nem fui no medico mas pode ser qe esteja gravida.

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  13. Bom dia!
    Tenho um filhinho de 10 anos e estou tentando engravidar há algum tempo. Como não estava conseguindo após várias tentativas e com tratamentos, fiz uma IA no dia 01/09/14. Neste mês minha menst atrasou 5 dias, "acho" que por causa do UTROGESTAN. No dia 19/09/14 desceu normal. Quando foi dia 01/10/14 que eu deveria estar ovulando, tive uma dor muito forte, tipo rasgando bem abaixo no ventre e veio um sangramento. O Dr examinou e falou q realmente sangue veio do útero, mas que estava tudo bem, que poderia a dor e sangramento do folículo rompendo. Fiquei uns 8 dias depois com um corrimento tipo um creme, cor capuccino e às vezes café.
    Quando foi este mês, como minha menst é bem regulada e de 28 dias, deveria ter descido dia 17/10/14. Estou hoje em atraso de 11 dias, sendo que fiz um Beta HCG com 6 dias de atraso e deu >0.100, e com 10 dias de atraso fiz o de farmácia também negativo. Posso ou não estar grávida?

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  14. Mande resposta para o meu email.... mikaelleweendy@hotmail.com

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  15. oooiii beta hcg sensibilidade 25 mui/ml deu negativo mais estou com as mamas doloridas e saindo leite por favor me ajuda 7 dias atrasado

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  16. Boa noite! O resultado da minha esposa deu Superior a 15.000 mUI/mL. Agora estamos em Dúvida? Indeterminado ou positivo? Ta assim no resultado abaixo!
    Valor(es) ReferênciaL(ais): Negativo : Inferior a 5,00 mUI/mL
    Indeterminado: De 5,00 a 25,00 mUI/mL
    Positivo : Superior a 25,00 mUI/mL

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