Quando engravidamos sofremos com os enjoos, as cólicas, as dores, o inchaço, a ansiedade e todas as outras aflições que por ventura uma gestação possa nos trazer. Nos preparamos durante 9 meses para receber essa nova vida.
 Fazemos cursinhos para aprender a dar banho, trocar , segurar, amamentar e o que fazer na hora das cólicas e dorzinhas que poderão surgir. Só não encontramos cursos para aprender a lidar com todos os sentimentos que nascem junto com o bebê.

Desde pequena sonhava em ser mãe. Idealizei uma menininha de cabelos cacheados, bochechas rosadas, boquinha vermelha e olhos brilhantes. 
Cresci com uma certeza, realizaria meu sonho não importava as circunstâncias. Eis que depois de alguns tropeços, tristezas, dificuldades e 7 meses de tentativas, consegui engravidar. Uma felicidade imensa me dominou. Me preparei para aguardar os 9 meses com paciência, cuidando para que tudo estivesse pronto quando ela nascesse. Tinha tudo sob controle. Tinha mesmo ???

Descobri que não da pior maneira possível. Após um ultrasson com 32 semanas e1 dia a surpresa , sem liquido aminiótico meu bebê estava em sofrimento fetal.
O parto foi feito e nasceu um bebezinho careca, de baixo peso, com boca roxa e sim , pelo menos isso , olhinhos brilhantes. Nesse dia percebi que não tinha o controle de nada e o que viria a seguir seria ainda mais pertubador do que o parto prematuro.

Foram meses de sofrimento e preocupação. UTI Neo Natal, entubação, infecção , parada respiratória, transfusão de sangue e mais um monte de coisas assustadoras para uma mãe de primeira viagem com tantos  sonhos idealizados. Fui pra casa sem meu bebê e com uma certeza . Não era nada daquilo que tinha sonhado pra mim.
Meu mundo tinha caído , me sentia num pesadelo interminável. Dormia quando o cansaço me dominava , pedindo a Deus para acordar em outra realidade. Seria possível Deus me conceder uma realidade alternativa?

Me perdi dentro de mim, não lembrava da minha própria existência. Não tenho vergonha de confesssar que passei 15 dias sem lavar os cabelos e escovar os dentes.  E me dei conta que ser mãe não é só amar e cuidar acima de qualquer coisa. Me dei conta que o medo é o sentimento que define a maternidade. Ela ficou bem logo , eu não.

Acreditamos que o amor vem acima de qualquer coisa quando nos tornarmos mães, e vem mesmo , só que de mãos dados com o medo, o pavor de que algo  ruim aconteça com nossos pequenos.
Em determinado momento cheguei a imaginar que estava enlouquecendo, impossível isso ser normal. Fiz tratamento com psquiatras, tomei antidepressivos e fiz psicoterapia, tudo para tentar encontrar o equilibrio. Até encontrei, mas sei que a maternidade é uma doença sem cura, que requer atenção contínua e muito esforço.

Um conselho de mãe pra mãe. Procure se preparar não só para chegada do bebê , mas também  para a louca  invasão de sentimentos desordenados que surgem junto com o nascimento do bebê.
Ser mãe pode ser maravilhoso e assustador na mesma proporção. 
Não sofra e não se cobre se de repente se sentir triste ao invés de radiante com a chegada de seu rebento. Só quem passa por esse momento é capaz de entender o quão louco é esse amor que é capaz de modificar totalemente a sua vida em minutos.

Que fique claro , amooooo ser mãe , jamais desejei não ter tido essa oportunidade, nem nos meus piores momentos. Mas já desejei e muito amar de maneira comedida, sem loucura e sem tanto apego. E que atire a primeira pedra quem for capaz de não amar loucamente seus filhos.
Se alguém encontrar a cura para essa doença tão linda de amor chamada maternidade, por favor , divida comigo essa informação.


Pé no chão e esperança no coração

Tatiana da Costa

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