Aborto Recorrente: Descoberta a causa misteriosa para abortos recorrentes
Um aborto é sempre motivo de dor e tristeza e infelizmente uma realidade entre 10% a 25% das primeiras gestações. A maior probabilidade é que o aborto seja causado por uma seleção natural do organismo ou por falha na implantação. Porém para algumas mulheres, essa é uma realidade que se repete e na maior parte dos casos são causados por má formações no útero, congênitas ou adquiridas com doenças como miomas e inflamações, ou processos trombofílicos, em que a mulher desenvolve pequenos coágulos que acabam por obstruir os vasos sanguíneos responsáveis por manter o feto. Mais raramente também acontece da mulher desenvolver uma resposta imune que faz com que seu corpo ataque o embrião e o expulse.
Quando nenhum desses fatores é a causa para os abortos de repetição, o caso se enquadra no diagnóstico de ESCA (esterilidade sem causa aparente), mas estudos recentes encontraram novas respostas e já se sabe o real motivo para abortos recorrentes, antes sem explicação.
Pesquisas apontam a real causa para abortos recorrentes antes sem explicação
Pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, descobriram recentemente, a possível causa para a ocorrência do aborto de repetição ou aborto recorrente como algumas pessoas chamam. As estatísticas mostram que uma a cada cem mulheres passam por esse drama que traz consequências psicológicas importantes.
Segundo o estudo publicado pelo "Stem Cells", periódico científico, a razão para perdas gestacionais repetidas seria um queda no número de células-tronco do endométrio (tecido que reveste o interior uterino). Devido a isso o endométrio não apresenta condições adequadas de sustentar a placenta e sofre um processo de envelhecimento precoce, o que dificulta cada vez mais uma gravidez bem sucedida após cada aborto sofrido.
Jan Brosens, professor de obstetrícia e ginecologia da universidade britânica e líder da investigação, conta que o útero das pacientes de abortos recorrentes já era defeituoso antes da gravidez. Os estudos agora estão focados na correção desses defeitos para que o haja chance de sucesso numa próxima tentativa de gestação. Jan ainda diz que essa talvez seja a única forma de evitar efetivamente os abortos espontâneos em mulheres que apresentem essa dificuldade.
Envelhecimento precoce das células do endométrio aumentam as chances de aborto
O estudo analisou o revestimento do útero de 183 mulheres em tratamento para reprodução humana.
Evidenciaram em mulheres que sofreram abortos recorrentes , não só a quantidade reduzida de células tronco como também atestaram que existe uma falha química para ativação e desativação de determinados genes fundamentais para o sucesso do desenvolvimento do embrião.
Outro ponto marcante da pesquisa, mostra que esse número reduzido de células tronco no endométrio de mulheres que sofreram abortos recorrentes antes não explicados, causa um envelhecimento precoce nas células do endométrio. Isso ocorre por que o revestimento interno do útero precisa se renovar a cada ciclo menstrual, aborto ou nascimento, e para que esse processo seja bem sucedido, ele depende da células troncos residentes no endométrio.
Com isso, ficou claro que as células envelhecidas do útero tendem a ter uma resposta inflamatória mais frequente que pode até facilitar a implantação do embrião mas que na maioria das vezes impede o seu desenvolvimento. Essas células envelhecidas do endométrio não apresentam condições e nem capacidade de se preparem adequadamente para manter a gestação.
O Professor e Ginecologista Paulo Galo disse que "A pesquisa traz uma nova perspectiva para essas mulheres de no futuro criarmos terapias para tratar e cultivar as células-tronco da cavidade uterina de forma a reduzir esse risco de aborto espontâneo."
Hábitos e fatores ambientais podem ter relação direta com a diminuição das células tronco do endométrio
Já para o Ginecologista Renato de Oliveira, alguns hábitos e fatores ambientais possam estar diretamente ligados ao problema. Ele lembra ainda que já existe um exame específico para avaliar a receptividade do útero ao embrião de acordo com a expressão dos genes nas células do tecido que revestem o endométrio, ao qual agora também deverá se somar análise da quantidade e qualidade das células-tronco nele presentes.
" Talvez essas células-tronco tenham uma modulação genética que influencie nesta receptividade — considera. — Sabemos sobre o fenômeno, mas não conhecemos bem suas causas, e assim as células-tronco entrariam como uma promissora linha de pesquisa para esclarecer esta questão e inimizar o risco destes abortos repetidos." pondera Renato.
Só nos resta torcer para que as pesquisas avancem rapidamente e a solução para essa descoberta tão importante venha proporcionar uma gestação viável e saudável para as mulheres que sofrem dessa dificuldade.
Pé no chão e esperança no coração !
Tatiana da Costa
Pé no chão e esperança no coração !
Tatiana da Costa