Teste de receptividade endometrial (ERA) aumenta em 24% a taxa de sucesso gestacional em pacientes submetidas a Fertilização in Vitro
O prof. Dr. Carlos Simón apresentou hoje no 72º Congresso Anual da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), que acontece esses dias em Salt Lake City (Utah, EUA), um estudo prospectivo e randomizado que confirma que o teste genético ERA, até agora recomendado apenas para pacientes com fracassos anteriores em tratamentos de Fertilização in Vitro, foi associado a uma melhora significativa na taxa global de gravidez atingindo 85% de sucesso com a ajuda de transferências embrionáriaspersonalizadas. O estudo recebeu o prêmio Prize Paper 2016 entregue pela Society for Reproductive Endocrinology and Infertility.
“A personalização do fator endometrial deve ser considerada antes de iniciar os tratamentos de reprodução humana para aumentar as taxas de sucesso reprodutivo”, explica Dr Carlos Simón, diretor científico do laboratório de genética Igenomix, após a apresentação do estudo, “quando o embrião não é transferido ao útero no tempo certo da paciente, a gravidez não acontece por um fator simples de evitar, por isso, o ERA pode economizar tempo e custos ao identificar o que chamamos de janela de implantação personalizada”.
Participaram do estudo titulado “Prospective, randomized study of the endometrial receptivity analysis (ERA) test in the infertility work-up to guide personalized embryo transfer versus fresh transfer or deferred embryo transfer”356 pacientes jovens, com idade inferior a 38 anos, que realizaram tratamento de Fertilização in Vitro durante o período de 2013 a 2016. As pacientes são oriundas de dez diferentes clínicas de reprodução na Espanha, Bulgária, Bélgica, Panamá e Itália.
Segundo a Dra Marcia Riboldi, responsável pela Igenomix Brasil, o teste ERA (Endometrial Receptivity Analysis), analisa a expressão de 238 genes presentes no endométrio identificando sua receptividade para auxiliar o embrião a se fixar no útero. “O deslocamento da janela de implantação não é um problema quando é identificado antes da transferência embrionária, simplesmente é um dado que vai evitar desperdiçar um ciclo de tratamento por não ter sido considerado desde o início”, esclarece a especialista.
Por que é importante conhecer a receptividade endometrial?
“Assim como o ciclo menstrual regular não é sempre de 28 dias para todas as mulheres, a ovulação não ocorre sempre no mesmo dia e nem todos são destros, o momento de receber o embrião não é igual para todas as mulheres”, explica Dra Marcia, “por isso é preciso personalizar o tratamento conhecendo de antemão a receptividade endometrial de cada mulher”.
O endométrio, é o tecido que reveste a parede interna do útero. Este tecido que descama mensalmente em forma de menstruação é uma das bases da fertilidade, sua principal função é proporcionar o ambiente adequado para a implantação do embrião no útero para que o feto possa desenvolver-se adequadamente.
Existe um momento do ciclo onde o endométrio está preparado para receber o embrião e cumprir com sua função, este período costuma ser entre os dias 19 e 21 do ciclo menstrual. Em um ciclo natural, a ovulação e o desenvolvimento do endométrio estão sincronizados para receber o embrião justo no momento em que ele chega no útero, este período é tecnicamente denominado “janela de implantação”. Na reprodução assistida, pelo fato da fecundação acontecer no laboratório, a transferência do embrião ao útero é feita em um momento estabelecido como padrão para a maioria das mulheres, sendo considerado no quinto dia. Entretanto, muitas vezes este período não é o mais adequado, e pode ter sofrido um deslocamento da janela de implantação com relação ao que é considerado padrão.
“O desenvolvimento de novas tecnologias ômicas associadas a análises bioinformáticas estão abrindo um novo horizonte para melhorar a compreensão atual sobre a receptividade endometrial e sua relação com o tratamento da infertilidade. De acordo com os dados revelados no estudo, todos os casais com mulheres que apresentam idade inferior aos 38 anos apresentam indicação para a realização do teste ERA, pois com esta medida as chances de sucesso do tratamento podem ser superiores em 24% se a transferência embrionária for realizada conforme a personalização do teste”, recomenda o Professor Carlos Simón.
O teste ERA existe há quatro anos e desde o seu lançamento já vem sendo realizado no Brasil. Atualmente é a única ferramenta de diagnóstico molecular endometrial disponível no mercado e foi aplicada a mais de 10.000 pacientes a nível mundial, solucionando casos de tratamento de reprodução assistida que não seriam efetivos sem a personalização endometrial.
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